A questão hídrica na
Mesopotâmia
A água também é um dos
fatores que impulsionam guerras em países aonde dependem desse recurso,
tornando-se regiões hidroconflitivas. Essas rivalidades não existem somente em
países que são atravessados por um mesmo rio, mas também dentro de um mesmo
estado. Os chamados hidroconflitos são ocasionados também pelo grande
desperdício da água, o incremento da população, e aumento da poluição dos
mananciais.
Das 260 bacias consideradas internacionais,
a água de treze delas é utilizada por cinco países, tais fatos acontecem na
Bacia do Rio Danúbio que drena territórios de onze estados, a do Nilo banha dez,
as do Níger e Congo, onze e a Amazônia, sete. No caso de regiões áridas e
semi-áridas os conflitos são mais tensos, exemplos onde ocorre isso é a
Mesopotâmia com os rios Tigre e Eufrates, das quais a Turquia, Síria e Iraque
têm interesse.
A Turquia beneficia-se de uma situação hídrica
melhor do que a dos seus vizinhos, isso porque a Turquia exerce soberania sobre
o alto vale, enquanto seus vizinhos estão situados a jusante. A Turquia
controla 98% do Eufrates e 45% do Tigre. A dependência da água é de apenas 1%
por parte da Turquia, na Síria é de 80% e no Iraque, 53%. Quanto ao setor agrícola,
a Síria ocupa 95%, a Turquia 74% e o Iraque 92%.
A população do Iraque
depende de 80% do recurso hídrico dos dois rios e a Síria tem esperança de
aumentar a produção de alimentos para o crescimento da população. As
reivindicações dos três países ficam mais difíceis em região de conflito étnico.
Ao quase entrarem em uma guerra pelo recurso escasso foi feito a divisão do
fluxo do Eufrates que resultou no acordo de 1990 entre sírios e iraquianos
quando destinou 53% ao Iraque e 42% a Síria.
Em 1970 o governo turco
elaborou uma política chamada Projeto da grande Anatólia (PGA), iniciado em 89
e previsto para concluir em 2010, tal política pretende incorporar ao país 1,7
milhão de hectares de terras irrigadas. Essa política é constituída por treze
projetos integrados, sendo que seis são sobre o Rio Tigre e sete sobre o Eufrates.
É claro que para a Turquia esse projeto vai melhorar a vida de cinco milhões de
habitantes que vivem na parte sudeste.
Não perdendo o ponto de
vista geopolítico, a Turquia tem estratégias onde esse projeto está sendo construído,
tais são onde vivem a minoria curda. A construção de barragens na obra tem
objetivo de desalojar a população curda que ali vive simultaneamente a melhoria
da infra-estrutura viária para que os turcos migrem ás regiões dos curdos.
Fonte: Olic, Nelson Bacic.
Mundo Contemporâneo. 1º edição. São Paulo: Moderna, 2010. Pagina: 70
Nenhum comentário:
Postar um comentário