Conflitos e tensões no Vale
do Níger
O continente africano abriga
53 países cujo suas fronteiras foram traçadas pelas potencias imperiais
européias. A África tem aproximadamente 21% de suas terras emersas do planeta e
tem destaque para três grandes bacias hidrográficas: Congo, Nilo e Níger. Essas
bacias abrangem muitos países e suas águas são elementos da geopolítica
internacional.
A bacia do Níger tem mais de
um milhão de km² de extensão e abrange nove áreas dos Estados africanos. Essa
bacia tem nascente no Guiné e corre na direção nordeste, penetrando no Mali,
passa pela direção sudeste, atravessa o Níger e cruza a Nigéria, ao final
desemboca em um amplo delta conhecida como Rios do Óleo, alem de que o rio
Níger atravessa vários domínios tais como no alto vale é tropical com presença
de savanas e no médio vale o domínio é semiárido do Sahel.
No Sahel existem contrastes
entre anos de secas e anos mais úmidos. A isto está relacionado à forma de
utilização do solo por meio do uso inadequado. As tensões hídricas não são
constituídas apenas por disputas de recursos hídricos, mas também por ordem
política e étnica. Disputas por terra e água ocorrem no Mali e no Níger entre
grupos negro-africanos que vivem na região úmida do vale e populações islâmicas
que praticam o pastoreio nas áreas desérticas do Sahel.
Na Nigéria não é diferente,
país com 150 milhões de habitantes e mais de 200 etnias juntas. Dentre elas
merece destaque os haussa-fulanis, os ibos e os iorubas. Os ibos são cristãos e
habitam a região sul-sudeste, lá é onde se encontram as jazidas de petróleo e
os iorubas também habitam essa mesma região, porem possui diversidade religiosa
com a presença de muçulmanos, cristãos e seguidores de cultos ancestrais.
Em 1960 na Nigéria houve um
conflito separatista trágico. Naquela época os ibos tentaram conquistar a
independência e proclamaram um novo país chamado Biafra, porem em 1970 eles
foram derrotados após uma guerra civil (também conhecida por “guerra do Biafra”)
sangrenta que deixou 1,5 milhões de pessoas mortas.
Daí para frente, a unidade
nacional atormenta a Nigéria. Para que não haja tal desintegração do país o
governo central promoveu a formação de novos estados. Em 1960 havia quatro
estados, atualmente há exatos 36 estados. A capital federal também passou de
Lagos para Abuja. Em Lagos predominam os iorubas e em Abuja não há o predomínio
de nenhum dos três maiores grupos étnicos. Tal fato evitou a desintegração do
país, pelo menos até hoje.
Resumo do livro Mundo Contemporâneo de Nelson Bacic Olic
Fonte: Olic, Nelson Bacic.
Mundo Contemporâneo. 1º edição. São Paulo: Moderna, 2010. Pagina: 67.
Nenhum comentário:
Postar um comentário